A epidemia do Ébola não foi
erradicada, advertiu nesta quinta-feira em Adis Abeba o coordenador especial da
ONU para a luta contra a febre hemorrágica, o britânico David Nabarro. "A quantidade de casos cai semana após semana e
tende a zero, mas a doença ainda está presente em um terço das zonas dos três
países afectados", disse Nabarro, presente na reunião da cimeira da União
Africana que vai abordar o tema. "Ainda temos focos ocasionais e surpresas com os
novos casos", explicou Nabarro. "Isto significa que a epidemia não foi erradicada
e devemos continuar com o nosso esforço, de forma mais intensa",
completou. Nabarro disse que está preocupado com a chegada da
temporada de chuvas e pediu a instalação de uma rede de "actores
locais" antes que as precipitações dificultem o acesso a certas regiões.O Centro Africano de Controle de Doenças que a União
Africana decidiu criar em 2015 permitirá reagir com mais rapidez no caso de uma
nova epidemia, destacou Nabarro. "Levamos muito tempo para nos prepararmos.
Precisamos de meios melhores de intervenção", disse o especialista ao
comentar as lições da recente epidemia do Ébola, a pior na história do vírus. A comunidade internacional e a União Africana foram
acusadas de passividade ante a epidemia que matou quase 9.000 pessoas num ano,
essencialmente em Guiné, Libéria e Serra Leoa. A epidemia evidenciou o estado desastroso dos sistemas
de saúde em alguns países africanos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) destacou no dia
23 de Janeiro a queda radical do número de pessoas contaminadas pelo vírus, mas
advertiu que a situação continua a ser "extremamente preocupante" e
que não era possível descartar um novo foco. A febre hemorrágica do Ébola, altamente contagiosa e
com taxa de mortalidade que pode chegar a 90% dos enfermos, é transmitida por
contacto directo com sangue, secreções corporais (suor, excremento...), por via
sexual e pelo contacto com corpos contaminados.
Fonte: Sapo notícias de Cabo Verde, 29 de Janeiro 2015
Sem comentários:
Enviar um comentário