Todos os anos, milhares de hectares da floresta portuguesa ardem. Portugal não tem uma visão e não implementa uma política adequada à dimensão e importância do seu património florestal. Tem vindo a destruir serviços cuja competência na área florestal era, ainda, mesmo que com escassez de meios, uma garantia e um suporte na protecção e gestão destes recursos. Nesta visão míope e incompetente se inscrevem, quer a ausência de uma política florestal que tenha em conta a valorização e a sustentabilidade da floresta portuguesa, quer a extinção dos Serviços Florestais, serviços com um passado, experiência e saber, como era o caso do seu corpo de guardas florestais. Este erro está patente, em particular, no abandono da limpeza das florestas, na ausência de uma rede viária florestal que assegure a sua compartimentação (muitas zonas não permitem o acesso das viaturas dos bombeiros), na perda da rede de vigilância e intervenção permanente, rápida e decisiva, que, na pessoa dos mestres florestais, enquadrados por engenheiros silvicultores, era assegurada. Hoje, os fogos iniciam-se, frequentemente, em zonas inacessíveis, o combate inicia-se tardiamente, com pessoal, meios e condições que conduzem à catástrofe que se conhece, sendo que se criaram, sim, condições favoráveis à ocorrência de incêndios florestais e à fragilidade do seu combate. Sem uma política florestal adequada à floresta portuguesa, sem planeamento e ordenamento florestal, sem instituições, meios e corpo técnico competente, o quadro de fogos, áreas ardidas e perdas associadas, a que assistimos nestes últimos anos, continuará.
Autor: Renato Costa
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