
Cientistas haviam identificado há um mês a possibilidade
de um grande abalado sísmico ocorrer no exato epicentro deste último tremor,
após um estudo revelar um padrão histórico de terremotos nesta região.
Laurent Bollinger, da agência de pesquisa CEA na França,
e seus colegas realizaram um pesquisa de campo no Nepal e identificaram ser
comum que um grande terremoto gere outro, vários anos mais tarde, em uma mesma
região.
Assim, um tremor ocorrido no Nepal em 1934, que matou
8,5 mil pessoas, teria gerado uma grande pressão no subsolo, que foi sendo
transferida ao longo de uma falha geológica e liberada 81 anos depois, no
último sábado.
O mesmo "efeito dominó" teria ocorrido há 700
anos, segundo os cientistas.
Em sua pesquisa, Bollinger e sua equipe foram até a
selva no centro-sul do Nepal para investigar a principal falha geológica do
país, que corta seu território de leste a oeste e tem uma extensão de 1 mil
quilômetros.
No local onde a falha chega à superfície, eles
desenterraram fragmentos de carvão vegetal para verificar quando ela havia se
movido pela última vez.

Mas, a partir da análise do carvão, o grupo liderado por
Bollinger encontrou evidências de que a falha investigada não havia se movido
por um longo tempo.
"Mostramos que esta falha não havia sido a culpada
pelos grandes terremotos de 1505 e 1833, e que a última vez que ela havia se
movido havia sido em 1344", afirma Bollinger, que apresentou o estudo para
a Sociedade Geológica do Nepal há duas semanas.
Antes, a equipe havia trabalhado em outro segmento
próximo da falha, que fica ao leste de Kathmandu, e mostrado que ele havia
passado por fortes terremotos em 1255 e, depois, em 1934.
Quando os cientistas viram este padrão de eventos, eles
ficaram preocupados, porque, quando acontece um grande terremoto, o movimento
de terra gerado por ele gera uma transferência de pressão ao longo da falha - e
parece ter sido isso que ocorreu após o tremor de 1255.
Depois de 89 anos, em 1344, a pressão acumulada no
segmento leste da falha foi liberada, gerando um novo forte abalo.
Agora, a história se repete, com a pressão gerada em
1934 sendo transferida rumo ao leste da falha e liberada 81 anos depois.
O mais preocupante é que os pesquisadores acreditam que
novos tremores podem estar por vir.
"Cálculos sugerem que a magnitude 7,8 do terremoto
de sábado não foi forte o suficiente para gerar um ruptura até a superfície,
então, é possível que mais pressão ainda esteja acumulada", afirma
Bollinger.
"Por isso, podemos esperar um novo grande terremoto
ao leste e ao sul nas próximas décadas."
Fonte: G1, 26 de Abril 2015